Impressiono-me com a pouca capacidade de compaixão das pessoas, ou seja, pouca capacidade de compreender o estado emocional de outrem, de apresentar um sentimento de pesar ao ver os males alheios e, o mais importante, tornar-se acessível a essas pessoas de algum modo para que possam aliviar ou amenizar aquelas dores (mesmo que não mensuremos ou concordemos ou compreendamos por completo).
Eu abomino frases de "apoio" clichê como "se precisar de algo...", "qualquer coisa, me procura". Será, mesmo? Quantas pessoas do seu rol de amizades a quem você pode telefonar as três da madrugada aos prantos e relatar uma grande dor (pelo menos a você) sem receio de incomodar, sem julgado, atrapalhar o sono e o trabalho do dia seguinte?
Não falo das perturbações desimportantes, viciosas, de quem perde a noção e passar a incomodar um amigo. Falo daquelas que fazemos quando a alma quase que não suporta o peso que curva as costas. E não são rotineiras.
Mas eu sempre me coloquei assim às pessoas a quem dei acesso, a quem ofereci amizade. Estar disponível sempre (ainda que tivesse que acordar cedo pra trabalhar dia seguinte). Se a dor se abater as três da madrugada, que me procure justamente as três da madrugada e eu atenderei prontamente. Talvez não tire a dor, mas posso emprestar o ombro e ajudar a carregar aquilo que lhe pesa.
E, sem qualquer modéstia, não encontro seres que tenham essa disponibilidade de alma como eu tenho. Não sou melhor (mesmo, a vida é prova disso), mas, sim, o como gostaria de que vissem comigo.
Mas todos têm prioridades urgentes e mais importantes que as dores humanas. Inclusive aquelas pessoas de quem você mais espera. Curioso que, é mais comum receber um alento de alguém de quem a gente jamais esperou algo do que daquela pessoa que vice mais esperava calor humano.
O que pode, neste mundão afora, ser mais importante do que acalmar um coração desesperado, dolorido, ferido, machucado? Eu, realmente, não vejo situação que mereça mais atenção. Ainda que existam as atividades do dia, trabalho, compromissos, as dores que atingem a alma são tão pungentes, não é aceitável não haver um pequeno tempo do dia para alguém tentar acalmar o coração alheio.
Eu queria fazer deste espaço um local assim!