Acabei de ouvir uma interessante palestra de um renomado profissional da área da medicina-psiquiatra e psicoterapia e fiquei refletindo sobre o que foi dito sobre a dor de amor, segundo pesquisas norte-americanas, são as mais doloridas, cedendo lugar apenas para a perda de pai jovem de um filho jovem.
Embora não tenha passado pela primeira dor (considerando filhos biológicos, pois se tratando se relação maternal, vivenciei, fato que, inclusive, me trouxe a este espaço), eu diria que a dor de amor é realmente dilacerante.
Como disse o terapeuta, é a dor da morte, de morrer para o ser amado, de desaparecer, de ser eliminado do coração que, até então te acolhia, te carinhava, te deixava confortável.
Certa vez, há muitos anos, quando comentava sobre este mesmo assunto com um amigo, ele me disse que mais dói a dor de perder um amor do que nunca ter vivido um que se desejou com todas as forças.
Na época, eu não tinha subsídios para avaliar (não tinha vivido ambas as situações), mas aquela reflexão ficou em mim.
E hoje, segundo a minha percepção (que, naturalmente, é diferente e única) dói mais amar e nunca ter sido correspondido.
Um amor vivido tem lastro, produziu frutos, tem condão de missão cumprida. Veja bem, não que nao doa, pelo contrário. Mas a dor tem natureza "balsâmica", digamos, de se ter experimentado um privilégio, de poder preservar lembranças singulares, preciosas. Há um tesouro a ser guardado.
O amor-não-vivido é oco, pobre. Não reverbera nada. É um grito desesperador no vácuo. Não produz som. Empurra garganta abaixo, sem água, uma imensidão de sensações efervescentes que jamais serão vividas. É um alimento que faz mal. Que esfrega o estômago. É um lixo que a gente acumula e depois tem a maior dificuldade para se livrar dele...
Permita-me discordar do seu texto...
ResponderExcluirO amor que gera dor não pode ser chamado de amor. O amor nunca produz nada de ruim. Somente produz coisas ruins aquilo que sentimos, e que, erroneamente, chamamos de amor. Aí enfileram-se sentimentos como: Apego, possessividade, ciúmes, desconfiança, etc.
Mas amor mesmo nunca produz dor. A dor é sempre causada por uma opção nossa mediante ao que aconteceu.
Sim, já sofri por conta de desejos não realizados, mas (em compensação) vivi um grande amor, mesmo não correspondido. O sentimento que eu produzi foi indescritivelmente bom.
Eu consigo separar muito bem o amor de outros sentimentos, portanto, consigo identificar que a origem do sofrimento não é o amor, mas sim outros sentimentos (digamos) menos digno.
Você está se referindo às relações afetivo-eróticas, embora eu, também, entenda que esse tipo de amor dói. Não concebo como válidas essas noções modernas de relações e seus termos como apego etc.
ExcluirSomos seres gregários e o que vem sendo colocado como nocivo é resultado de uma sociedade doente.
Em todo caso, amor traz dor, sim, sobretudo a perda dele. Converse com quem perdeu um filho.
Abraço.