quinta-feira, 11 de julho de 2013

Dê-me a sua mão, pois não consigo sentir isto só

Certo dia, ouvi uma pessoa sábia falar sobre uma criança, então cega, que voltara a enxergar e que, diante da imensidão do mar visto pela primeira vez disse ao pai:
_ "Pai, me dê a sua mão, me ajude a enxegar tudo isso!"
Pois bem, a criança, ao deparar-se, pela primeira vez, com uma imagem contemplativa que a natureza formosamente lhe oferecia, entendeu que aquela cena abrigava exuberância demais para ser vista, olhada, enxergada, sentida sozinha. E, assim, necessitou dividir essa experiência por meio do gesto simbólico de pedir a mão de seu pai, como forma de acolher todas as sensações de plenitude que extravazavam dela só, não nela cabiam.
A dor da perda é assim, às avessas.
Tão grande, tão perfurante das estranhas mais profundas do ser que o desejo é de gritar para alguém, como aquela criança, "ei, você aí, divida comigo esse sentimento que me fere tanto, está difícil carregar sozinho!".
Parece que o peito vai explodir. Implodir, de dentro para fora.
Muitas vezes, não temos a quem recorrer e pedir a mão ou o ombro. Ou porque não tem tempo para isto; ou vai medir com os critérios dele a nossa dor; ou porque não nos cai compreender (ainda que tente).
E fica aquele nó (de marinheiro) na garganta.
Até que uma onda grande (pode ser de muitas lágrimas) passe e desfaça-o.

Nenhum comentário:

Postar um comentário