sábado, 2 de novembro de 2013

O borrifo

Ainda de luto, e até mesmo por esta fase ser muito difícil, fui fazer uma viagem para estar num lugar onde me sinto em plenitude: em alto mar para encontrar as grandes baleias.
Fiquei alguns dias a bordo e as gigantes estavam tímidas. Poucas avistagens, embora sempre encantadoras.
O borrifo de uma baleia ê a percussão mais linda que já ouvi. Reverbera no meu coração.
Levei uma blusa com a qual passei o meu último aniversário em companhia da minha avózinha na UTI (aliás, esse foi meu pedido ao cortar o bolo, justamente atendido).
Estava resistente em re-usar a blusa. As coisas são cheias de significados pra mim. Mas achei que era o momento. Afinal, estava num lugar importante, que merecia uma blusa importante.
Minha avó se foi em 2010 e, desde então, a blusa ficou guardada, sem uso, como lembrança daquele dia, como se não usando-a mais, a memória estaria ali, viva, guardada, sem ser apagada.
Até que, um dia, decidi colocar a camisetinha. A energia do dia foi outra! (E a minha também).
As baleias estavam amistosas, amigáveis, tranquilas.
Saltaram entre os barcos.
Tive certeza de que minha avó estava ali comigo (e a minha princesinha também).

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